1 Timóteo, 2 Timóteo, Tito e Filemon, as epístolas do apóstolo Paulo que João Calvino comenta nesse volume são de importância vital para a igreja evangélica nos dias atuais. Elas tratam não só da organização visível da igreja, sua estrutura e disciplina, mas lidam com a espiritualidade vocacional, com o chamado que Deus fez e faz a homens para servirem aos servos de Deus por meio da pregação da Palavra e administração das ordenanças. O poder da graça triunfante de Cristo Jesus, a necessária oração incessante e o respeito às autoridades, o papel da mulher no culto público, as qualificações de presbíteros e diáconos, a apostasia nos últimos tempos, a necessária fidelidade e os deveres dos ministros cristãos, a centralidade das Escrituras para a nutrição do povo de Deus, são alguns dos temas fundamentais para a fé cristã tratados nessas epístolas de Paulo `as últimas do grande apóstolo aos gentios` e comentadas com profundidade e paixão pelo reformador de Genebra.
“A Igreja é a coluna da verdade porque, através de seu ministério, a verdade é preservada e difundida. Deus mesmo não desce do céu para nós, nem diariamente nos envia mensageiros angelicais para que publiquem sua verdade, senão que usa as atividades dos pastores, a quem destinou para esse propósito. Ou, expondo-o de maneira mais simples: não é a Igreja a mãe de todos os crentes, visto que ela os conduz ao novo nascimento pela Palavra de Deus, educa e nutre toda a sua vida, os fortalece e finalmente os guia à plenitude de sua perfeição? A Igreja é chamada coluna da verdade pela mesma razão, pois o ofício de ministrar a doutrina que Deus pôs em suas mãos é o único meio para a preservação da verdade, a qual não pode desaparecer da memória dos homens.” (Pages 95–96)
“Daqui aprendemos que nenhum de nós possui em si mesmo a excelência de espírito e a inabalável confiança necessárias no exercício de nosso ministério; devemos ser revestidos com o novo poder do alto. Os obstáculos são tantos e tão imensuráveis, que nenhuma coragem humana é suficiente para transpô-los. Portanto, é Deus quem nos equipa com o Espírito de poder. Pois aqueles que, por outro lado, revelam grande força, caem quando não são sustentados pelo poder do Espírito de Deus.” (Page 202)
“Também aprendemos que devemos acrescentar à nossa fé o discernimento que nos possibilita a distinguir a Palavra de Deus da palavra do homem, de modo que não aceitemos descriteriosamente tudo quanto nos é oferecido. Nada é mais estranho à fé do que uma credibilidade simplória que nos convida a aceitar tudo indiscriminadamente, não importando qual seja sua natureza ou fonte, pois o principal fundamento da fé é sabermos que ela tem sua origem e autoridade em Deus.” (Page 261)